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As palavras de Simeão a Maria

As palavras de Simeão a Maria
Photo by Ricardo Cruz / Unsplash

Lucas 2.33-35

Tanto José quanto Maria ficaram admirados com as coisas ditas sobre Cristo por Simeão. Eles se maravilharam porque ele seria "luz para revelação aos gentios", bem como para a glória de Israel; pois a bondade de Deus para com os gentios era um mistério há muito escondido da nação judaica. Mas nós, afortunados gentios, experimentamos isso, e alguns de nós encontraram em Cristo luz para iluminar as trevas.

Simeão abençoou José e Maria — e, então, dirigiu-se particularmente a Maria, preparando-a para toda a vergonha e tristeza que seu Filho haveria de passar; pois o que ele havia dito antes poderia levá-la a pensar que apenas alegria seria a porção dele, e que todos os homens imediatamente o honrariam. Este não seria o caso, porém. As agonias do Filho seriam tamanhas que uma espada atravessaria o coração da mãe. E não foi a alma de Maria assim traspassada quando ela contemplou seu Filho expirando na cruz?

As palavras de Simeão sobre a criança exigem consideração atenta — "Este menino está posto para queda e para elevação de muitos em Israel". Vamos investigar o significado disso, pois tudo o que diz respeito ao nosso Salvador é muito importante para nós. Como ele foi a queda de muitos em Israel? Cristo faz os homens caírem? Simeão aqui compara Cristo a uma pedra sobre a qual muitos tropeçam e caem. Paulo diz, em 1 Coríntios 1.23, que Cristo era uma pedra de tropeço para os judeus ou algo sobre o qual eles caíram. Como eles tropeçaram nele? Por orgulho. Eles não queriam acreditar que sua própria justiça era sem valor aos olhos de Deus, e que somente a justiça de Cristo poderia ser aceita. Esta é a explicação que Paulo dá para a rejeição de Cristo pelos judeus. Suas palavras são: "Pois, não reconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus. Pois Cristo é o fim da lei para a justificação de todo aquele que crê" (Romanos 10.3-4).

E qual é a razão pela qual alguns ainda recusam Cristo? Não é porque não sentem a necessidade da justiça dele? Não é porque se sentem satisfeitos com seus próprios feitos e imaginam que Deus também está satisfeito? E quando lhes é dito que são pecadores, respondem em seus corações, se não com seus lábios: "Não somos tão pecadores quanto os outros!". Pessoas nesse estado de espírito tropeçam em Cristo como em uma pedra de tropeço. Elas não podem recebê-lo porque não desejam sua salvação. Pedro, em sua Epístola, diz que Cristo era para tais pessoas "como pedra de tropeço e rocha que causa a queda; porque eles tropeçam na palavra, por serem desobedientes" (1 Pedro 2.8).

Mas Simeão também disse que a criança estava destinada para à elevação de muitos em Israel. Muitos daqueles que inicialmente tropeçaram nele, posteriormente creram e se ergueram do pecado e da morte por meio de Cristo. Muitos dos sacerdotes que participaram da crucificação do Salvador posteriormente se tornaram obedientes à fé (veja Atos 6.7).

O pobre pecador arrependido se ergue por Cristo. Ele encontra no Salvador uma rocha sobre a qual firmar seus pés. Ele encontra em Cristo alguém que pode perdoar seus pecados e salvar sua alma. Então, ele pode dizer com Davi: "Tirou-me de um poço de destruição, de um lamaçal; colocou meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos" (Salmo 40.2).

Simeão declarou em seguida que Cristo seria estabelecido como "um sinal de contradição" (versículo 34). Leiamos a frase completa para que possamos perceber melhor o significado (versículos 34, 35): "Como um sinal de contradição. Assim, os pensamentos de muitos corações serão conhecidos". Se Cristo não fosse motivo de contradição, isto é, de disputa, muitos que o desprezavam o teriam seguido. O povo o aclamava até ouvir os escribas e fariseus o criticarem muito. Então gritavam: "Crucifica-o, crucifica-o".

A verdadeira religião ainda é motivo de contradição. As pessoas geralmente precisam renunciar ao favor do mundo se quiserem ser fiéis a Cristo. Por um tempo, talvez, consigam professar sua religião e não perder nada com isso. Porém, logo surge algo para testá-las e revelar o verdadeiro estado de seus corações. Um jovem está disposto a perder a oportunidade de um bom casamento, ou um comerciante o favor de um cliente rico, ou um cavalheiro o respeito de seus conhecidos, antes de desobedecer ao seu Senhor? Assim, seus pensamentos fiéis são revelados. Cristo agora é como um rei desonrado. Apenas aqueles que realmente o amam serão fiéis a ele. Mas, quando ele vier em sua glória para assumir seu reino, não deixará de se lembrar daqueles que agora são rejeitados por sua causa.