Gênesis 1.1
A criação é o ato de Deus pelo qual, no princípio dos tempos, em seis dias, ele produziu o mundo pelo mero imperativo de sua vontade, para a glória de seu nome. Foi dessa forma que, a partir do nada, ele trouxe à existência a própria natureza e todas as coisas nela contidas, concluindo sua obra em seis dias, tanto para a sua própria glória quanto para a salvação dos eleitos. Também podemos dizer que a criança é uma ação pela qual Deus Pai, por Sua Palavra e pelo Espírito Santo, criou todas as coisas, fazendo-as excedentemente boas para a glória do seu nome.
A criação é, portanto, a obra própria de Deus. Assim, Aquele que criou o mundo é Deus, e Deus é Aquele que criou o mundo (Jeremias 10.11). Não há controvérsia de que a obra da criação pertence a Deus Pai, mas a Escritura também a atribui explicitamente ao Filho (João 1.3; Colossenses 1.16) e ao Espírito Santo (Salmo 33.6), que pairava sobre as águas (Gênesis 1.1,2).
Quando contemplamos os céus, a terra, o ar e o mar, e vemos como estão preenchidos, como são úteis e proveitosos, devemos enxergar Deus nessas coisas. Devemos aprender, a partir disso, sobre os atributos de Deus:
Quais são os atributos de Deus manifestos na Criação?
Primeiro, ele é eterno, pois aquele que fez os céus e a terra é mais antigo que ambos. Segundo, ele é todo-poderoso, pois grandes obras não podem ser realizadas sem grande poder. Deus delimita os mares apenas com sua Palavra. Em Jó, Deus usa a criação para demonstrar seu poder. Sua sabedoria resplandece na perfeita estrutura, variedade, ordem e subordinação das criaturas umas às outras. Terceiro, ele é sapientíssimo. Força sem sabedoria de pouco vale. Deus conhece todas as coisas, a natureza dos céus, da terra e das águas, pois ele mesmo lhes deu tal natureza. Deus é um ser sábio e inteligente, que ordena todas as coisas para o melhor fim. Quarto, vemos sua bondade suprema, pois ele pôs bondade nos céus, nas águas e na terra, tornando-os úteis e benéficos para o homem. E quanto mais bondade há no próprio Deus!
Por fim, contemplamos o amor de Deus na criação do homem. O homem foi magnificado na criação, Deus o fez uma criatura excelente, e ele recebeu muitas obras criadas excelentes para seu benefício (Salmo 8.3-8).
Martinho Lutero conta a história de dois bispos que encontraram um camponês chorando. Ao perguntarem por que chorava, ele respondeu que estava triste por ver um sapo diante de si, pois nunca tinha agradecido suficientemente a Deus por tê-lo criado como um ser humano tão belo, e não como um sapo horrível. Um dos cardeais ficou admirado e lembrou-se das palavras de Agostinho: "Os iletrados se erguem e tomam o céu, enquanto nós, com toda nossa doutrina, mas sem coração, nos emaranhamos na carne e no sangue".
O homem é a melhor das criaturas aqui na terra. Devemos honrar a Deus em nossas mentes, considerá-lo o bem supremo e único, e sua graça como a maior felicidade. Devemos inclinar nossa vontade para desejá-lo acima de todas as coisas, escolhê-lo como nossa plena bem-aventurança, amá-lo e desejar desfrutá-lo plenamente.
A magnitude de Deus na criação
Que aprendamos a temê-lo acima de tudo, sem ousar ofendê-lo (Atos 4.24), e a obedecê-lo e agradá-lo. O que pode ser mais racional do que o Criador de todas as coisas ser também o Governante de todas elas? Somos mais dele do que um filho pertence a seus pais, ou um servo ao seu senhor. Devemos também reconhecer que Ele nos fez (Salmo 100) e louvá-lo. As grandes obras de Deus requerem grande louvor. Devemos exaltá-lo com nossas línguas e proclamar o seu nome (Salmo 19.2). "Os céus proclamam a glória de Deus", isto é, fornecem ao homem motivo para proclamá-la.
Este é um grande consolo para aqueles que reconhecem a Deus tal como ele é. Não é ele suficientemente rico para sustentar-nos? Suficientemente sábio para guiar-nos? Suficientemente forte para proteger-nos? Se falta bondade em você, ele pode criar um novo coração. Isso deve consolar os piedosos com respeito à ressurreição, pois Deus tem poder para ressuscitá-los no último dia.