Lucas 2.36-40
Lemos sobre Simeão abençoando o Salvador — e agora vamos ouvir sobre outra testemunha, Ana, uma profetisa idosa.
Ana, pelo que se sabe, havia levado uma vida muito santa. Não sabemos sua idade exata. Mas, se tinha sido viúva por 84 anos, e se havia sido casada por sete anos, nessa época, ela deve ter mais de cem anos — mesmo se ela tivesse se casado muito jovem. É dito que "ela não se afastava do templo". Com isso, entendemos que ela vivia tão perto do templo que podia participar de todos os seus cultos. Quando, às nove da manhã, o cordeiro era oferecido no altar, Ana estava lá. E, novamente às três, quando o cordeiro da tarde era sacrificado, Ana não estava ausente. Ela se regozijava com os salmos continuamente cantados nos pátios sagrados. Ouvia as bênçãos diárias do sacerdote. Hoje, há muitos cristãos idosos que, como Ana, moram perto de alguma casa de Deus e se deleitam em participar dos cultos. E, mesmo quando sua audição falha, ainda têm prazer em unir-se às orações dos fiéis de Deus reunidos. Como é doce para eles pensar que logo ascenderão para onde "as congregações nunca se separam e os domingos nunca terminam".
Ouvimos também que Ana cultuava "a Deus... com jejuns e orações". Ela não apenas jejuava e orava, mas cultuava a Deus quando jejuava e orava. Ela poderia ter jejuado e orado, e não ter cultuado a Deus. Afinal, é possível fazer essas coisas com um espírito de justiça própria, como alguns dos judeus faziam. Deus os repreende em Isaías 58, porque jejuavam e oravam, e ainda assim viviam em seus pecados.
Vemos que Ana jejuava e orava "noite e dia". Sem dúvida, ela também estava ocupada com muitas boas obras, mas tinha o hábito constante de oração. Somos encorajados a orar continuamente e a perseverar na oração — e é isso que Ana fazia.
Em uma das epístolas de Paulo, lemos a descrição da viúva aprovada por Deus. Ali, descobrimos que essa viúva ora constantemente e faz todos os tipos de boas obras. Está escrito em 1 Timóteo 5.5: "A viúva realmente necessitada e desamparada espera em Deus e persevera noite e dia em súplicas e orações". Também está escrito que ela deve ser uma viúva "cujas boas obras possam lhe servir de bom testemunho, tais como se criou filhos, se exerceu hospitalidade, se lavou humildemente os pés dos santos, se socorreu os atribulados e se praticou todo tipo de boa obra". A partir disso, vemos que uma pessoa pode ao mesmo tempo orar constantemente e também fazer boas obras.
Não nos é informado se Ana veio pelo Espírito, como Simeão, ou se foi chamada por alguém, ou se apareceu por acaso. Mas, sabemos que, quando ela chegou, reconheceu o Salvador menino como seu Senhor — "deu graças".
Com que fervor Ana deve ter agradecido ao Senhor! Ninguém poderia sinceramente agradecer a Deus por Cristo de maneira indiferente ou fria. Poderíamos agradecer a alguém por salvar nossas vidas da mesma maneira que agradecemos por um serviço trivial? Certamente, se agradecemos ao nosso libertador, devemos agradecê-lo calorosamente. Já expressamos nossa profunda gratidão a Deus por enviar Jesus ao mundo? Se apenas o agradecemos friamente, o insultamos com nossos agradecimentos.
Ana não apenas agradeceu a Deus, ela também falou de Jesus a "todos os que esperavam a redenção em Jerusalém". É evidente que havia um pequeno grupo de pessoas ali que esperava a redenção do pecado através do Salvador prometido.
Como José e Maria devem ter se sentido renovados com as orações e palavras de encorajamento de Simeão e Ana! Lucas diz que eles retornaram à sua própria cidade, Nazaré. Contudo, descobrimos na narrativa de Mateus que eles não retornaram imediatamente. Primeiro, foram a Belém, depois ao Egito e, por fim, se estabeleceram em Nazaré.
E agora nos voltamos dos crentes idosos para a santa criança. Pouco é dito sobre ele, mas esse pouco mostra o quanto a criança era santa. Ele "crescia e se fortalecia". Não apenas seus membros aumentavam em força, mas sua afeição pelo Pai se fortalecia. É um grande mistério como isso poderia acontecer, pois ele era Deus. Mas, sabemos que ele tinha não apenas um corpo humano — havia também uma alma humana, e foi essa alma que se fortaleceu. Também está escrito que ele era "cheio de sabedoria". Sua mente humana recebia cada vez mais conhecimento gradualmente, como a mente de outra criança. "A graça de Deus estava sobre ele" — isto é, o "favor" de Deus estava sobre ele. Deus olhava para sua natureza humana com favor, pois como Filho de Deus, ele sempre era infinitamente amado pelo Pai.
Como ele era diferente das outras crianças, que geralmente se tornam mais rebeldes e obstinadas à medida que crescem! Mesmo que boas impressões sejam feitas em suas mentes aos seis ou sete anos de idade, com que frequência elas se desgastam quando chegam aos doze ou catorze! Seus corações parecem endurecer e amar mais as coisas mundanas. Não foi este o caso de alguns de nós? Não olhamos frequentemente com tristeza para os dias de nossa infância? Não temos razão para dizer com Davi: "Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões"? Talvez alguns daqueles que magoamos com nossa conduta descuidada ou perversa já não estejam entre nós. O que não daríamos para voltar no tempo e agir de maneira diferente! Mas, só podemos expressar nosso arrependimento a Deus e implorar por seu perdão.