04/Jan: O testemunho de João (Jo 1.14-18)

04/Jan: O testemunho de João (Jo 1.14-18)
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No início deste capítulo, lemos sobre uma grande maravilha: que a Palavra, ou o Verbo, estava com Deus e ainda assim era Deus. Não podemos entender como isso é possível. Nesta passagem, lemos sobre outra maravilha, mas estamos tão acostumados a ouvi-la que quase nos esquecemos de considerar a grandeza dela: "O Verbo se fez carne". Deus se tornou homem; ele "habitou entre nós".

Quando observamos este grande mundo ao nosso redor e os céus cravejados de estrelas, e pensamos que aquele que fez todas essas coisas se tornou um homem fraco, que comia, bebia e dormia como nós, não nos sentimos espantados? Podemos muito bem nos perguntar por que Deus se tornou homem e habitou entre nós.

Foi para nos salvar da miséria eterna. Somos informados no versículo 14: "pleno de graça e de verdade". Ele veio trazer graça aos pecadores e perdoar seus pecados com sua graça imerecida. Ele veio sofrer tudo o que disse que sofreria. Ele anunciou que sofreria nossa punição e, pleno de verdade, sofreu tudo, mostrando que Deus odiava o pecado e que o puniria com a morte.

Assim, ao falar de Jesus, o Evangelista João irrompe em exaltação ao lembrar-se da glória dele. Ele diz no versículo 14: "Vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai". João realmente tinha visto Jesus. Como ele diz em sua Primeira Epístola, falando de Jesus: "o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos".

"Vimos a sua glória". A que glória ele se refere aqui? Ele se refere à glória que brilhou no monte, quando "o seu rosto resplandeceu como o sol, e suas roupas tornaram-se brancas como a luz" (Mateus 17.2)? Talvez seja a esta glória a que ele se refere, ou talvez seja à glória da santidade que sempre brilhou em Jesus e que o mundo não podia ver, pois ele "não tinha formosura nem beleza... para que o desejássemos" (Isaías 53.2). Mas aqueles que creram nele viram essa glória. Nós a vemos? O Espírito abriu nossos olhos interiores, de modo que vemos que Cristo é digno de todo o nosso amor?

Houve um homem que viu essa glória e apontou Jesus para os outros. Seu nome era João Batista. Ele falou de Jesus muito antes de vê-lo. Por fim, ele o viu e disse ao povo: "é sobre este que eu falei: aquele que vem depois de mim... já existia antes de mim". Jesus era seis meses mais novo que João Batista, portanto João disse que ele veio depois dele. No entanto, ele existia antes dele, porque estava com seu Pai antes de vir ao mundo.

Quem está falando no versículo 16? Não é João Batista, mas João, o escritor desta história. Ele usa os termos mais elevados de amor e louvor para falar sobre nosso grande Salvador. Como são felizes aqueles que podem dizer com João: "Pois todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça". Em Jesus há um depósito pleno de graça, suficiente para cada crente. E não precisamos dessas graças? Não lamentamos frequentemente nossa falta de paciência, mansidão, bondade e caridade? Jesus está disposto a nos conceder tudo isso. Moisés foi um grande legislador; mas ele não podia conceder graça. Moisés instituiu muitas formas e cerimônias para representar o caminho da salvação, mas Jesus trouxe a salvação. Portanto, está escrito: "a verdade [veio] por meio de Jesus Cristo".

O Pai habita na luz da qual nenhum homem pode se aproximar; mas ele enviou seu Filho de seu seio para que pudéssemos contemplá-lo. Embora não o tenhamos visto pessoalmente, ouvimos o suficiente sobre ele para amá-lo. Se nossos corações não fossem por natureza como pedras, nós o teríamos amado desde o primeiro momento em que ouvimos falar dele. E ainda assim, talvez haja alguns aqui que viveram vinte ou trinta anos no mundo antes de começarem a amá-lo; e pode haver outros que ainda não o amam. Que o Senhor amoleça seus corações.